PROGRAMAS CONCERTO CONCERT PROGRAMMES
VARIAÇÕES VARIATIONS
The Portuguese Diaspora.
Sounds from the Old and the New World.
Concert programmes centered around Sete Lágrimas’ renowned project Diaspora exploring the collective linguistic and historical memories of countries across the five continents that have been in contact with Portugal for the past 500 years. The trilogy — Diaspora, Terra and Peninsula – is the consort’s most well known project and has been travelling throughout the world since 2008.
The project also unfolds into sub-themes such as programmes: Book of the Island of Mactan — Iberian and Diaspora Christmas music from the 15th and 16th centuries; The Last Ship — The account of the voyage of the squadron commanded by Magellan (c.1480-1521) and Elcano (c.1486-1526) on the way to the first circumnavigation of the planet, by Antonio Pigafetta (c.1491-c.1531), an Italian scholar and explorer who boarded the ship Victoria and who lived to tell about it; or Tin-Nam-Men or the Grotto of Patane — Love and tragedy in the Portuguese Diaspora. [more on the sub-themes on the next pages]
“What Sete Lágrimas presents in their Diaspora project, is a voyage through written and oral repertories, both recent and remote and both high and lowbrow which reflect this historical experience of six centuries of intense artistic sharing in a world connected for the first time by the Portuguese ships and characterized throughout this long period by light and shade, pain and joy, violence and passion, all of which can be found in this Music. ”
— Rui Vieira Nery
Besides caravels and the Cape of Good Hope, Portugal’s relationship with the world was born from a thirst for change. The Portuguese expansion of the fifteenth-century marked the start of a period of acculturation and miscegenation that mutually influenced the musical practices of the countries of the Discoveries and Portugal and changed the configuration of their collective DNA forever. Comprising three titles – ‘Diaspora.pt’ (2008), ‘Terra’ (2011) and ‘Península’ (2012) – the Diaspora project dips into the past and present of genres and musical forms associated with five continents, exploring new interpretive formulas employed in popular and classical music from the sixteenth to the twenty centuries, from the Iberian villancico to fado, the ‘black’ villancicos of the sixteenth and seventeenth centuries, the Brazilian chorinho, African mornas and the traditional songs of Timor, Macau, India and Brazil, among other countries. An experimental frenzy inspired by journeys, paths, pilgrimages, land, water, homesickness and what remains today of all the days gone by.
A Diáspora Portuguesa.
Sons do Velho e do Novo Mundo.
Programas de concerto em torno do mais reconhecido projecto Sete Lágrimas – Diaspora –, que explora as memórias colectivas, linguísticas e históricas dos países dos cinco continentes que têm contacto com Portugal desde há 500 anos. A trilogia – Diaspora, Terra e Península – é o mais viajado projecto do consort e tem sido apresentado desde 2008 em todo o mundo.
O projecto desdobra-se também em subtemas, tais como programas: Lyvro da Ilha de Mactan — Música de Natal Ibérica e da Diáspora dos séculos XV e XVI; A última nau — O relato da viagem da esquadra comandada por Magalhães (c.1480-1521) e Elcano (c.1486-1526) na primeira circum-navegação do planeta, por Antonio Pigafetta (c.1491-c.1531), erudito e explorador italiano que embarcou na nau Victoria e sobreviveu para contar a história; ou Tin-Nam-Men ou a Gruta de Patane — Amor e tragédia na Diáspora portuguesa.
“O que o Sete Lágrimas nos propõe no seu projecto Diaspora é uma viagem por repertórios escritos e orais, mais próximos ou mais remotos, de teor ora mais erudito ora mais popular, que reflectem esta vivência de seis séculos de partilhas artísticas intensas num mundo interligado pela primeira vez pelas caravelas portuguesas e marcado no decurso desse tempo longo por luzes e sombras, dores e alegrias, violência e paixão de que a Música dá testemunho.”
— Rui Vieira Nery
Para lá de caravelas e de Boa-Esperança a relação de Portugal com o mundo nasce de uma vontade de mudança... Com a expansão portuguesa do século XV inicia-se um período de aculturação e miscigenação que influencia mutuamente as práticas musicais dos países dos Descobrimentos e de Portugal e muda a configuração do nosso “ADN” colectivo para sempre... O projecto Diaspora conta já com três títulos: “Diaspora.pt” (2008), “Terra” (2011) e “Península” (2012) e mergulha nos géneros e formas musicais dos cinco continentes de ontem e de hoje, arriscando novas fórmulas interpretativas de repertórios populares e eruditos do século XVI ao século XX, do vilancico ibérico ao fado, dos vilancicos “negros” do século XVI/XVII ao “chorinho” brasileiro, passando pelas “mornas” africanas e pelas canções tradicionais de Timor, Macau, Índia, Brasil, etc... Uma vertigem experimental pela viagem, caminho, peregrinação, terra, água, saudade e pelo que ficou hoje depois de todos os ontem...
VARIAÇÕES VARIATIONS
DIASPORA SUB-THEME I
Book of the Island of Mactan
Iberian and Diaspora Christmas music from the 15th and 16th centuries
Explores, in music, the great journey of Magalhães and Elcano around the world. The first circumnavigation. A journey imagined “always in the days of the birth of Our Lord”. “This would be the other journey, as if Magellan had followed other paths inspired by another science or instinct... as if he had not died...”
Which deals with the life & great virtues & bonanzas & the magnanimous effort of my Lord of Magalhães on his imaginary journey from the island of Mactan in the Philippines, always on the days of the birth of Our Lord, where he arrived after leaving 500 years ago, in the year of the Lord’s grace 1519, and surrendered his soul after a very hard battle. Intended for general instruction with news of new discoveries in all sciences and arts. [Filipe Faria and Sérgio Peixoto, 2019]
The 500th anniversary of the departure of Fernão de Magalhães (1480-1521) for the first circumnavigation of the globe (1519-1522) is celebrated. The fleet made a stopover in the Canary Islands, reaching the coast of South America and arriving in Rio de Janeiro at the end of the year. After many misfortunes, he crossed the end of the current coast of Argentina - later named the Strait of Magellan. He entered the waters of the South Sea, baptizing this ocean as Pacific in contrast to the difficulties encountered in the Strait. The journey proceeded always with great difficulty. He looked at the sky and was the first European to identify two irregular dwarf satellite galaxies of our Milky Way, visible to the naked eye only in the southern hemisphere and later called “Magellan Clouds”. In 1521, they reached the Island of Thieves (from 1668 called the Mariana Islands) and later the Island of Cebu. Magalhães died in battle on Mactan Island, in the Philippines, in 1521, at the hands of Lapu-Lapu (1491-1542), governor of the Island... But this would be another journey, as if Magellan had followed other paths inspired by another science or instinct... as if I hadn’t died...
Lyvro da Ilha de Mactan
Música de Natal Ibérica e da Diáspora dos séculos XV e XVI
Explora, em música, a grande viagem de Magalhães e Elcano à volta do mundo. A primeira circum-navegação. Uma viagem imaginada “sempre nos dias de nascimento de Nosso Senhor”. “Esta seria a outra viagem, como se Magalhães tivesse seguido outros caminhos inspirado noutra ciência ou instinto... como se não tivesse morrido...”
Que trata da vida & grãdissimas virtudes & bõdades & do magnanimo esforço de muy Senhor de Magalhães na sua imaginária viagem a partir da ilha de Mactan nas Filipinas, sempre nos dias de nascimento de Nosso Senhor, onde chegou depois de partir faz 500 anos, no ano da graça do Senhor de 1519, e entregou a alma depois de muy dura batalha. Destinado para instrucção geral com notícia dos novos descobrimentos em todas as siencias, e artes. [Filipe Faria e Sérgio Peixoto, 2019]
Comemoram-se os 500 anos da partida de Fernão de Magalhães (1480-1521) para a primeira viagem de circum-navegação ao globo (1519-1522). A armada fez escala nas ilhas Canárias, tendo alcançado a costa da América do Sul e chegado ao Rio de Janeiro no final do ano. Após muitas desventuras, atravessou a extremidade da actual costa da Argentina - mais tarde baptizada de Estreito de Magalhães. Entrou nas águas do Mar do Sul, baptizando este oceano como Pacífico por contraste às dificuldades encontradas no Estreito. A viagem prosseguiu sempre com grande dificuldade. Olhou para o céu e foi o primeiro europeu a identificar duas galáxias satélite anãs irregulares da nossa Via Láctea, visíveis a olho nu apenas no hemisfério Sul e mais tarde chamadas de “Nuvens de Magalhães”. Em 1521, alcançaram a Ilha dos Ladrões (a partir de 1668 chamadas de Ilhas Marianas) e mais tarde a Ilha de Cebu. Magalhães morreu em batalha na Ilha de Mactan, nas Filipinas, em 1521, às mãos de Lapu-Lapu (1491-1542), governador da Ilha... Mas esta seria a outra viagem, como se Magalhães tivesse seguido outros caminhos inspirado noutra ciência ou instinto... como se não tivesse morrido...
DIASPORA SUB-THEME II
The last ship
Magellan, Elcano and the first voyage of circumnavigation told by gentleman Antonio Pigafetta (c.1491-c.1531)
The account of the voyage of the squadron commanded by Fernão de Magalhães on the way to the first circumnavigation of the planet, by the gentleman Antonio Pigafetta, an Italian scholar and explorer who boarded the ship Victoria and who lived to tell about it. Excerpts from “Relazione del primo viaggio intorno al mondo” (The first voyage around the world) (1524/1525) by Antonio Pigafetta (Vicenza, c.1491-c.1531)
The programme of ‘The Last Ship’ by the Portuguese ensemble Sete Lágrimas follows navigator Ferdinand Magellan on his first circumnavigation of the globe by sea. | World history is closely intertwined with the history of the Discoveries. Since time immemorial, people have set off into the unknown for all sorts of reasons: Sometimes they were driven out, seeking new routes for their wares, or looking to spread their religion and extend their power. Sometimes, they were searching for coveted raw materials and exotic treasures in distant lands. The encounters between alien peoples and cultures, sometimes voluntary and other times not, that came about as the result of such journeys had far-reaching consequences; such new experiences had a profound impact on both parties, the discoverer and the discovered. This extended not only to what they ate and their social customs, but also to expression of culture and ritual, like dance, music, literature, drama and visual arts. (...)
”In the beginning were the spices” by REGINE MÜLLER in Magazine Elbphilharmonie Hamburg 2021
A última nau
Magalhães, Elcano e a primeira viagem de circumnavegação contada pelo cavalheiro Antonio Pigafetta (c.1491-c.1531)
O relato da viagem da esquadra comandada por Fernão de Magalhães a caminho da primeira circum-navegação ao planeta, pelo cavalheiro Antonio Pigafetta, erudito e explorador italiano que embarcou na nau Victoria e que sobreviveu para contar. Excertos de “Relazione del primo viaggio intorno al mondo” (A primeira viagem ao redor do mundo) (1524/1525) de Antonio Pigafetta (Vicenza, c.1491-c.1531)
Com o programa «A Última Nau», o grupo português Sete Lágrimas segue o navegador Fernão de Magalhães na primeira circum-navegação do globo. | A história universal está intimamente ligada à história dos descobrimentos. Em todas as épocas, homens das mais diversas origens partiram rumo a regiões desconhecidas. Alguns foram mal recebidos, outros encontraram novas rot§as para as suas mercadorias, e outros ainda quiseram difundir a sua religião e expandir o seu poder. Ou buscar em terras longín- quas matérias-primas cobiçadas e preciosidades exóticas. Os encontros mais ou menos voluntários proporcionados por estas excursões, entre povos e culturas que não se conheci- am, tiveram consequências importantes, pois estas novas experiências influenciaram e transformaram ambas as partes: descobridores e descobertos – e não apenas as suas ementas e os seus hábitos sociais, mas também expressões culturais e rituais como a dança, a música, a literatura, o teatro e as artes visuais. (...)
“No princípio eram as especiarias” por REGINE MÜLLER in Magazine Elbphilharmonie Hamburg 2021
DIASPORA SUB-THEME III
Tin-Nam-Men or the Grotto of Patane
Love and tragedy in the Portuguese Diaspora
Romances, Lunduns, Modinhas, Vilancicos and Songs by Gaspar Fernandes (c.1570-1629), Filipe da Madre de Deus (c.1630-1688), João Madureira (b.1971)/José Luís Peixoto (b.1974), Filipe Faria (b.1976)/Sérgio Peixoto (b.1974), Manuel Machado (c.1590-1646), Joaquim António da Silva Calado (1848-1880) and music from the oral tradition of the Portuguese Diaspora.
Legend has it that when Camões was exiled in Macau, he retreated to the Patane Cave, listening to the echo of his dreams and his despair, to write the great epic of Os Lusíadas that told the story of his people. On leaving he met a native of Patane, Tin-Nam-Men (Dinamene), with whom he fell in love. Setting off with the poet in the Silver Nau, they broke into the southern seas when they were overtaken by a great storm. The Nau de Prata was condemned to sink, the women boarded a boat and the men saved themselves by swimming. Camões, arm in the air, holding Os Lusíadas, swam to land, but the boat where the beautiful Tin-Nam-Men was was swallowed by the waves.
Tin-Nam-Men ou a Gruta de Patane
Amor e tragédia na Diáspora portuguesa
Romances, Lunduns, Modinhas, Vilancicos e Canções de Gaspar Fernandes (c.1570-1629), Filipe da Madre de Deus (c.1630-1688), João Madureira (n.1971)/José Luís Peixoto (n.1974), Filipe Faria (n.1976)/Sérgio Peixoto (n.1974), Manuel Machado (c.1590-1646), Joaquim António da Silva Calado (1848-1880) e música da tradição oral da Diáspora portuguesa.
Conta a lenda que estando Camões desterrado em Macau se recolheu na Gruta de Patane, escutando o eco dos seus sonhos e do seu desespero, para escrever a grande epopeia d’Os Lusíadas que contava a história do seu povo. Ao partir conheceu uma nativa de Patane, Tin-Nam-Men (Dinamene), por quem se apaixonou. Partindo com o poeta na Nau de Prata irromperam pelos mares do sul quando foram assolados por uma grande tempestade. A Nau de Prata estava condenada a afundar-se, embarcaram as mulheres num batel e os homens salvaram-se a nado. Camões, de braço no ar, segurando Os Lusíadas, nadou até terra, mas o barco onde seguia a linda Tin-Nam-Men foi engolido pelas ondas.