PROJECTO PROJECT

LOA. André Dias de Escobar (c.1348-1450/51) e as suas “Laudas e cantigas spirituaaes, e orações contemplativas, do muyto Sancto e boom deus Jhesu, Rey dos çeeos e da terra; e da muyto alta e gloriosa sua madre” de 1435. Um diálogo com o Laudario di Cortona (s. XIII) e o Laudario di Firenze (s. XIV).

LOA. André Dias de Escobar (c.1348-1450/51) and his “Laude and spiritual songs, and contemplative prayers, of the very holy and good God Jesus, Lord of the heavens and the earth; and His elevated and glorious mother, the ever-virgin holy Mary” from 1435. A dialogue with the Laudario di Cortona (13th c.) and the Laudario di Firenze (14th c.).

CD + LIVRO COMPLEMENTAR COMPANION BOOK

Lançamento \Available
Julho \July 2023

Livro \Book
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FNAC, WOOK, Tigre de Papel,
Gato Vadio, Arte das Musas, etc...

CD
Arte das Musas, FNAC

Album
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LOA

by Sete Lágrimas ECMC

12:56

Adorote oo sancta vera cruz

Contrafactum by Filipe Faria and Sérgio Peixoto on André Dias de Escobar (c.1348-1450/51) and "Oimè lasso", Laudario di Cortona (13th c.)
6:33

Die ti salvi. Regina

Laudario di Cortona (13th c.)
6:30

Benedicta sejas tu madre de Deus vyvente

Contrafactum by Filipe Faria and Sérgio Peixoto on André Dias de Escobar (c.1348-1450/51) and "Regina Sovrana de grande pietade", Laudario di Firenze (14th c.)
12:08

Louvada seja sempre toda vya

Contrafactum by Filipe Faria and Sérgio Peixoto on André Dias de Escobar (c.1348-1450/51) and "Laude novella ", Laudario di Cortona (13th c.)
6:26

Laudamo la resurrectione

Laudario di Cortona (13th c.)
6:16

Salve Virgo preçiosa

Contrafactum by Filipe Faria and Sérgio Peixoto on André Dias de Escobar (c.1348-1450/51) and "Co la madre del beato", Laudario di Firenze (14th c.)
3:00

Regina Sovrana de grande pietade

Laudario di Firenze (14th c.)

Loa • Sete Lágrimas (Pack CD + Livro/Book)

€18.00

Loa • Sete Lágrimas (CD)

€12.00

Loa • Sete Lágrimas (Livro/Book)

€12.00

Sete Lágrimas ECMC
Early and Contemporary Music Consort

Direcção artística e contrafacta
\Artistic direction and contrafacta
Filipe Faria, Sérgio Peixoto

Filipe Faria, voz \voice, percussão \percussion
Sérgio Peixoto, voz \voice
Silke Gwendolyn Schulze, flauta dupla \double recorder, douçaine, charamela \shawm, flauta r\ecorders
Emilio Villalba, vihuela de arco, cítola \citole, harpa \harp, saltério \psaltery, alaúde \lute, sinfonia \symphonia

Parceria científica \Scientific partnership:
Blake Wilson, Music Department, Dickinson College, Los Angeles, California (EUA)
Manuel Pedro Ferreira, CESEM - Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade NOVA, Lisboa

O ALBUM
THE ALBUM

Sete Lágrimas ECMC
Early and Contemporary Music Consort

Direcção artística e contrafacta
\Artistic direction and contrafacta
Filipe Faria, Sérgio Peixoto

Filipe Faria, voz \voice, percussão \percussion
Sérgio Peixoto, voz \voice
Silke Gwendolyn Schulze, flauta dupla \double recorder,
douçaine, charamela \shawm, flauta r\ecorders
Emilio Villalba, vihuela de arco, cítola \citole, harpa \harp,
saltério \psaltery, alaúde \lute, sinfonia \symphonia

1 Adorote oo sancta vera cruz 12'54''
André Dias de Escobar (c.1348-1450/51)
contrafactum sobre/on Oimè lasso
Laudario di Cortona (s. XIII/13th c.)

2 Die ti salvi, Regina 6'31''
Laudario di Cortona

3 Benedicta sejas tu madre de Deus vyvente 6'28''
André Dias de Escobar
contrafactum sobre/on Regina Sovrana de grande pietade
Laudario di Firenze (s. XIV/14th c.)

4 Louvada seja sempre toda vya 12'06''
André Dias de Escobar
contrafactum sobre/on Laude novella
Laudario di Cortona

5 Laudamo la resurrectione 6'24''
Laudario di Cortona

6 Salve Virgo preçiosa 6'14''
André Dias de Escobar
contrafactum sobre/on Co la madre del beato
Laudario di Firenze

7 Regina Sovrana de grande pietade 3'00''
Laudario di Firenze

O LIVRO
THE BOOK

Sete Lágrimas ECMC
Early and Contemporary Music Consort

Direcção artística e contrafacta
\Artistic direction and contrafacta
Filipe Faria, Sérgio Peixoto

Parceria científica \Scientific partnership:
Blake Wilson — Dickinson College, Los Angeles, California
Manuel Pedro Ferreira — CESEM/FCSH/NOVA, Lisboa

Um projecto A project by:
Arte das Musas

Estrutura financiada por \With the support of:
República Portuguesa - Cultura
Direcção-Geral das Artes

Parceria \Partnership:
Município de Idanha-a-Nova
\UNESCO City of Music

Media partner:
Antena 2

Música de \Music by:
Sete Lágrimas ECMC

Tonmeister:
Filipe Faria

Gravado em \Recorded:
Idanha-a-Velha 9/2022. Min. 53'37''

Design e paginação \Design and pagination:
Filipe Faria

Depósito legal \Legal deposit: 513695/23
ISBN: 978-989-95983-9-3

Com um pé em trezentos e outro em quatrocentos

Chegámos a André Dias de Escobar (c.1348-1450/51) e às suas Laudas pela mão do nosso amigo Professor Manuel Pedro Ferreira. Foi ele quem nos abriu a primeira janela sobre a vida e a obra deste homem que viveu perto de um século, com um pé em trezentos e outro em quatrocentos, monge, mestre em teologia formado em Viena de Áustria ainda no século XIV (1393), abade do mosteiro de S.to André de Rendufe, comendatário de Rendufe e S. João de Alpendurada, bispo da cidade espanhola de Ciudad Rodrigo (1410), bispo da cidade francesa de Ajaccio (1422-1428) – mais tarde bispo emérito da mesma cidade –, bispo titular da cidade grega de Mégara (1428), professor universitário, autor de importantes tratados com grande difusão na Europa medieval, ”canonista insigne, conselheiro de Papas, viajante infatigável, culto, erudito, homem de letras e de virtudes”.

Nos documentos que o referem chama-se André Dias de Escobar, André Dias, Andreas Didaci, Andreas Hispanus, André de Rendufe ou Andreas Ulixbonensis. Nascido por volta de 1348, André Dias caminha nas ruas de cinco reinados: D. Pedro I, D. Fernando I, D. João I, D. Duarte e D. Afonso V e vive a crise dinástica de 1383-1385. Este “viajante infatigável”, personagem surpreendente e apaixonante, viaja à Toscana (era amigo do abade português da 'Badia beneditina em Florença) e viveu três décadas em Roma, na Cúria, como penitenciário. As viagens em Itália e o tempo que passa nesse país são o ponto de partida para o seu livro de 1435 Laudas e cantigas spirituaaes, e orações contemplativas, do muyto sancto e boom deus Jhesu, Rey dos çeeos e da terra; e da muyto alta e gloriosa sua madre, sempre virgem sancta Maria, sobre o qual nos debruçamos aqui.

Sabemos que as laudas, cantigas e orações de Escobar têm origem nos laudários italianos e que estes estão divididos por temáticas diversas como a Mariana, a Temporal ou a Penitencial. Escolhemos olhar os laudários de Firenze e de Cortona e encontrar as edições críticas mais recentes dos textos musicais. Descobrimos o trabalho dos professores Martin Dürrer, Theodore Karp e Blake Wilson. Este último, acabou mesmo por se juntar a mim e ao Sérgio Peixoto neste trabalho apaixonante e a ser outro apoio fundamental na descoberta destes trabalhos.

O projecto crescia nas nossas cabeças. Sabíamos que queríamos fazer nascer novas contrafacta – processo histórico de substituição de um texto por outro sobre uma determinada melodia –, propondo uma relação umbilical nova (ou mesmo potencial) entre estes textos e estas melodias. A personagem maior de André Dias de Escobar espreitava através dos séculos e exigia este olhar e dedicação. Merecia, até, um novo fôlego criativo, como o original, a quase 600 anos de distância. Fazer nascer som a partir da página.

A partir destas melodias procurámos estabelecer ligações entre os temas dos textos italianos que as acompanham e os textos de Escobar. Daí resultam as contrafacta de 1. Adorote oo sancta vera cruz (André de Escobar) sobre a melodia de Oimè lasso (Laudario di Cortona), ambas de tema penitencial e 2. Benedicta sejas tu madre de Deus vyvente (Escobar) sobre Regina Sovrana de grande pietade (Laudario di Firenze); 3. Louvada seja sempre toda vya (Escobar) sobre a melodia de Laude novella (Laudario di Cortona); e, finalmente, 4. Salve Virgo preçiosa (Escobar) sobre Co la madre del beato (Laudario di Firenze), as últimas três de tema mariano. Escolhemos, ainda, olhar o tema temporal dos laudários e do livro de Escobar e deixar os instrumentos, sozinhos, a visitar as melodias de Die ti salvi, Regina e Laudamo la resurrectione (Laudario di Cortona), numa espécie de proposta de contrafacta sem texto.

Gostaríamos de agradecer a incansável amizade, cumplicidade e parceria científica dos Professores Manuel Pedro Ferreira, através do CESEM – Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical –, unidade de investigação no seio da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e Blake Wilson, através do Music Department do Dickinson College (PA), Los Angeles, Califórnia.

André Dias de Escobar morre, em Lisboa, por volta de 1450/51… “morreu velhinho, pois em 1435 já tinha mais de oitenta anos. Os dias foram passando sobre a letra gótica das suas loas, cantigas, prosas e orações rítmicas. E o gosto foi mudando com o tempo. Porém, a confraria de S. Domingos de Lisboa, à honra do Nome de Jesus, lá estava para perpetuar o espírito de bispo velhinho e pobre que a fundara e para a qual escrevera, amorosamente, tantas páginas, em terra estrangeira. Como Horácio, podia Mestre André Dias soltar a frase triunfante: non totus moriar – não morrerei de todo! Depois, passaram alguns séculos e o seu livrinho sumiu-se no grande esquecimento das coisas desconhecidas".”

Filipe Faria
Idanha-a-Nova, 1 de Janeiro de 2023

One foot in the 14th century and the other in the 15th

André Dias (c.1348-1450/51) and his Laude were brought to our attention by our friend Professor Manuel Pedro Ferreira. It was he who gave us our first insight into the life and work of this man who lived for around a hundred years, with one foot in the 14th century and the other in the 15th, a monk, master of theology educated in Vienna, Austria, in the 14th century (1393), abbot of the monastery of S.to André de Rendufe, commendatory abbot of Rendufe and S. João de Alpendurada, bishop of the Spanish town Ciudad Rodrigo (1410), bishop of the French city Ajaccio (1422-1428) – later bishop emeritus of the same city – titular bishop of the Greek town of Megara (1428), university professor, author of significant treatises that were disseminated throughout medieval Europe, "an eminent canonist, advisor to Popes, tireless traveller, a cultured, erudite man of letters and virtues".

In the documents that mention him, he is called André Dias de Escobar, André Dias, Andreas Didaci, Andreas Hispanus, André de Rendufe or Andreas Ulixbonensis. Born in around 1348, André Dias witnessed the reigns of five Portuguese monarchs: King Pedro I, King Fernando I, King João I, King Duarte and King Afonso V, and lived through the dynastic crisis of 1383-1385. This "tireless traveller", a surprising and passionate character, travelled to Tuscany (he was a friend of the Portuguese abbot of the Benedictine abbey in Florence) and lived for three decades in Rome, in the Curia, as a penitent. His travels in Italy and the time he spent in that country were the starting point for his book Laudas e cantigas spirituaaes, e orações contemplativas, do muyto sancto e boom deus Jhesu, Rey dos çeeos e da terra; e da muyto alta e gloriosa sua madre, sempre virgem sancta Maria (Laude and spiritual songs, and contemplative prayers, of the very holy and good God Jesus, Lord of the heavens and the earth; and His elevated and glorious mother, the ever-virgin holy Mary), which we discuss here.

We know that Escobar’s laude, songs and prayers originate in the Italian laudari (collections of laude) and that these are divided into diverse themes such as Marian, Temporal or Penitential. We decided to look at the laudari of Florence and Cortona and find the most recent critical editions of the musical texts. We discovered the work of professors Martin Dürrer, Theodore Karp and Blake Wilson. The latter ended up joining me and Sérgio Peixoto in this exciting project and also providing fundamental support in the discovery of these works.

The project grew in our heads. We knew we wanted to bring to life new contrafacta – a historical process of substituting a text with another over a certain melody – proposing a new (or even potential) umbilical relationship between these texts and these melodies. The illustrious figure of André Dias de Escobar followed us from bygone centuries and demanded this attention and dedication. It even deserved a new creative impetus, like the original, almost 600 years ago. Making sound rise from the page.

From these melodies we sought to establish links between the theme of the Italian texts that accompany them and Escobar’s texts. This gave rise to the following contrafacta: 1. Adorote oo sancta vera cruz (André de Escobar) set to the melody of Oimè lasso (Laudario di Cortona), both with a penitential theme; 2. Benedicta sejas tu madre de Deus vyvente (Escobar) set to Regina Sovrana de grande pietade (Laudario di Firenze); 3. Louvada seja sempre toda vya (Escobar) set to the melody of Laude novella (Laudario di Cortona); and, finally, 4. Salve Virgo preçiosa (Escobar) to the melody of Co la madre del beato (Laudario di Firenze), We also chose to look at the temporal themes in the laudari and Escobar’s book and allow the instruments alone to visit the melodies of Die ti salvi, Regina and Laudamo la resurrectione (Laudario di Cortona), proposing a kind of contrafactum without text.

We would like to thank the tireless friendship, support and scientific partnership of Professors Manuel Pedro Ferreira, through CESEM – Centre for the Study of the Sociology and Aesthetics of Music – a research unit within the Faculty of Social and Human Sciences at the Universidade Nova de Lisboa, and Blake Wilson, through the Music Department of Dickinson College (PA), Los Angeles, CA.

André Dias de Escobar died in Lisbon in around 1450/51... "He died an old man, given that in 1435 he was already over eighty. The days went by over the Gothic lyrics of his carols, songs, proses and rhythmic prayers. And tastes were changing with time. However, the brotherhood of S. Domingos in Lisbon, in the honour of the Name of Jesus, was there to perpetuate the spirit of the poor, elderly bishop who had founded and written so many pages for it, on foreign soil. Like Horace, Master André Dias could cry out the triumphant phrase: non totus moriar – I shall not wholly die! Later, as the centuries passed, his book vanished into the great oblivion of unknown things".

Filipe Faria
Idanha-a-Nova, 1 January 2023

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