Nomeado Melhor Album Música Clássica/Erudita - Vodafone PLAY — Prémios da Música Portuguesa 2024
Nominated for Best Classical/Erudite Music Album - Vodafone PLAY — Portuguese Music Awards 2024
PROJECTO PROJECT
Nova Música Antiga composta por Filipe Faria e Sérgio Peixoto sobre poesia portuguesa dos séculos XV e XVI
New Early Music composed by Filipe Faria and Sérgio Peixoto based on Portuguese poetry from the 15th and 16th centuries
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“Se o vazio fosse território e a queda ascendesse, se a matéria fosse um átomo, o universo, um astro, o caos, harmonia, as fracções, inteiras, as profecias, passado, o passado, presente”
Se por algum acaso cósmico o tempo se decantasse, se por algum ritual de necromancia se escutassem os pensamentos, se o tempo fosse um templo, se a fé fosse uma aia, se a eternidade fosse um instante e o destino simplesmente o que já foi, que falta nos fariam as palavras?
Se o amor fosse um lugar exacto, se todos os mundos estivessem separados pelo que os une, se a ausência fosse uma equação perfeita, se houvesse um sítio onde todas as possibilidades eram possíveis e todas as impossibilidades impossíveis, se a razão fosse todas as coisas que não se explicam, se os corpos não necessitassem de outros, as almas de outras, de que nos serviria a linguagem?
Se o vazio fosse território e a queda ascendesse, se a matéria fosse um átomo, o universo, um astro, o caos, harmonia, as fracções, inteiras, as profecias, passado, o passado, presente, se o sentimentos não se sentissem, se os sentidos não fossem exercidos, se tudo o que é não fosse, a estrófe, poema, as fragilidades, pedra, as recordações, éter, as peregrinações, sedentárias, se todas as coisas complexas fossem linearidades, se todas as ilusões fossem concretas, os ciclos, ciclo, um segundo, éon, a inteligência o inteligível, se as dúvidas fossem certezas, o prematuro, definitivo, o mutável, imutável, o irreal, realidade, se todos os cintilares fossem um espectro obscuro, a melancolia, satisfeita, se as multitudes fossem um ponto, as imensidões, um beco, os instrumentos, silêncio, a partitura, letra morta, se o céu e o inferno fossem um paraíso conjugal, se o fim fosse o final, que razão teria a melodia?
“If the void were a territory and all falling was upwards, if matter were an atom, the universe a star, chaos harmony, pieces the whole, prophecies past, past the present “
If by some cosmic chance time were decanted, if by some ritual of necromancy thoughts could be listened to, if time were a temple, if faith were a handmaid, if eternity were an instant and destiny simply what it once was, what would we miss about words?
If love were an exact place, if all worlds were separated by what unites them, if absence were a perfect equation, if there were a place where everything possible was possible and everything impossible was not, if reason were all the things that cannot be explained, if bodies didn't need each other, souls didn't need each other, what use would language be to us?
If the void were a territory and all falling was upwards, if matter were an atom, the universe a star, chaos harmony, pieces the whole, prophecies past, past the present, if feelings were not felt, if the senses not engaged, if everything that is was not, the stanza a poem, fragility a stone, if memories were ether, pilgrimages still, if all complex things were linear, if all illusions were concrete, if cycles were but one cycle, if a second an aeon, if intelligence the intelligible, if doubts were certainties, the premature definitive, the mutable immutable, the unreal reality, if all sparkles were a dark spectre, if melancholy were satisfaction, if multitudes were a point, immensities an alley, instruments silence, the score a dead letter, if heaven and hell were a conjugal paradise, if the end were the end, what reason would melody have?
Luís Pedro Cabral
FOLIA NOVA
Sete Lágrimas
Partindo-se
Ensaio fotográfico
Photographic essay
Filipe Faria
Filipe Faria e Sérgio Peixoto partiram de novo para o tempo, viajando pelo vasto território da língua, na sua métrica, ritmos e harmonias, como se levitassem entre-mundos, resgatando da poesia portuguesa dos séculos XV e XVI as palavras, para as reinventar em novos sons, novas melodias, trazendo-as para a contemporaneidade, em analepses de magia.
Os dois compositores escrevem os doze novos vilancicos que compõem Folia Nova, como estações cronográficas da intemporalidade, usando da "folia" - no "Auto da Sibila Cassandra", de Gil Vicente (1465/1536), a folia, de origem portuguesa, é caracterizada como uma dança de pastores -, o seu tradicionalismo harmónico e rítmico, para um universo conceptual, diálogos de criatividade, novas linguagens.
O vilancico é uma das mais importantes expressões poéticas e musicais da Península Ibérica, muito popular e amplamente executado do século XV aos confins do século XVIII. Na sua forma primitiva era do profano. À bolina da sua popularidade, disseminou em sacro território, como uma heresia que lentamente se tornou hóspede da liturgia.
O ensemble fundacional é acompanhado nesta viagem pela flautista alemã Silke Gwendolyn Schulze, Tiago Matias, que com os Sete Lágrimas já cruzou muitos meridianos, e João Hasselberg, no contrabaixo. Em absoluto debute instrumentário, o descante de Bandurra, um instrumento desenvolvido e reinterpretado por Filipe Faria, em parceria como violeiro Orlando Trindade, a partir do instrumento popular (viola beiroa), tocado pelas mãos de Manuel Moreira (1891-1970), em Penha Garcia (Idanha-a-Nova). É como se o processo criativo se tornasse omnipotente, retomando a sua natureza seminal.
Filipe Faria and Sérgio Peixoto set off once again on a voyage into time, travelling through the vast territory of language, its metrics, rhythms and harmonies, as if they were levitating between worlds, rescuing words from 15th and 16th century Portuguese poetry to reinvent them with new sounds, new melodies, and bringing them into the contemporary world in magical analepses.
Drawing inspiration from Gil Vicente's 'Auto da Sibila Cassandra' (1465/1536), where folia, of Portuguese origin, is characterised as a dance of shepherds, and making use of its harmonic and rhythmic traditionalism, these two composers have written the twelve new vilancicos that make up Folia Nova as chronographic stations of timelessness, creating their own conceptual universe, filled with inspired artistic exchanges and new languages.
The vilancico is one of the most important poetic and musical expressions in the Iberian Peninsula, very popular and widely performed from the 15th century to the end of the 18th century. In its primitive form it was secular. As a result of its popularity, the genre spread into the territory of the sacred, like a heresy slowly finding a place in the liturgy
The founding ensemble is accompanied on this journey by the German flautist Silke Gwendolyn Schulze, Tiago Matias, who has crossed many seas with Sete Lágrimas, and João Hasselberg on double bass. This performance marks the absolute debut of the descant Bandurra, an instrument developed and reinterpreted by Filipe Faria in partnership with luthier Orlando Trindade, based on the popular instrument (viola beiroa) played by Manuel Moreira (1891-1970) in Penha Garcia (Idanha-a-Nova). It is as if the creative process became omnipotent, returning to its seminal nature.
Luís Pedro Cabral
Disponível Available
BOOK + CD
FNAC, WOOK, Arte das Musas…
FOLIA NOVA
Música Music
Filipe Faria (n. b. 1976) + Sérgio Peixoto (n. b. 1974)
1. Ysabel y mas Maria 6'15
Poema Poem Anon. (s.XVI 16thc.)
2. Amor loco 3'47
Poema Poem Anon. (s.XVI 16thc.)
3. Cantiga sua, partindo-se 3'44
Poema Poem João Roiz de Castel-Branco († após after 1515)
4. Dicen que me case yo 3'42
Poema Poem Gil Vicente (c.1465–c.1536)
5. Es tan grave mi tormento 4'00
Poema Poem Pêro de Andrade Caminha (1520-1589) #
6. Cativo sam de cativa 6'47
Poema Poem D. Joam de Meneses (1460-1514)
7. Soñava, madre, que via 3'49
Poema Poem Pêro de Andrade Caminha (1520-1589) +
8. Nunca foy mal nenhum moor 4'51
Poema Poem Bernardim Ribeiro (1482?–1552?)
9. Lágrimas de saudade 7'42
Poema Poem Anon. (s.XVI 16thc.)
10. Endechas a Bárbara escrava 4'57
Poema Poem Luiz Vaz de Camões (1524?-1580)
11. A partida que me aparta 6'16
Poema Poem Anon. (s.XVI 16thc.)
12. Que cuidados tam cansados 5'11
Poema Poem Nuno Pereira (c.1455-?)
SETE LÁGRIMAS
Filipe Faria + Sérgio Peixoto
direcção artística
artistic direction
Filipe Faria
voz voice, percussão percussion, tinwhistle +, assobio whistle, bandurra descante bandurra descant , viola de mão de 4 ordens 4-course renaissance guitar #
Sérgio Peixoto
voz voice
Silke Gwendolyn Schulze
douçaine, flauta doce recorder
Tiago Matias
vihuela de 6 e 7 ordens 6 and 7-course vihuela, tiorba theorbo, guitarra barroca baroque guitar, bandurra descante bandurra descant
João Hasselberg
contrabaixo double bass
Tonmeister Filipe Faria
Gravado em Recorded in Idanha-a-Velha
Música Music
CD + streaming
+ www.artedasmusas.com/folianova
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Colecção Collection New Early Music
Parceria Partnership O Homem ONG
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Tradução Translation Kennistranslations
1ª Edição 1st edition Idanha-a-Nova 2023
Impressão Print Norprint
ISBN 978-989-35083-3-4
Tiragem Print run 500 exemplares copies
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